sexta-feira, novembro 22, 2024

Desmatamento da Amazônia brasileira bateu recorde do mês de fevereiro

O desmatamento da Amazônia brasileira marcou um recorde para o mês de fevereiro, segundo mês do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, conforme dados oficiais divulgados nesta sexta-feira, 24, que contemplam pouco mais da metade do período, ainda incompleto.

O monitoramento por satélite detectou 209 km2 de desmatamento na parte brasileira da maior floresta tropical do mundo, revelam dados preliminares do sistema de vigilância DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Equivalente a mais de 29.000 campos de futebol, a área inclui apenas dados até 17 de fevereiro, mas já representa um aumento em relação ao registro anterior, de 199 km2 destruídos ao longo do mês de fevereiro de 2022, o último ano do governo de Jair Bolsonaro.

Em janeiro passado, o monitoramento de satélites mostrou uma queda de 61% em relação ao mesmo período de 2022, embora as organizações ambientais tivessem alertado que era prematuro falar de uma reversão da tendência, uma vez que parte da queda poderia estar relacionada a uma maior cobertura de nuvens que afetaram os cálculos.

“O aumento do desmatamento da Amazônia no DETER pode ser um reflexo da limitação na detecção no mês passado, devido à alta cobertura de nuvens. O desmatamento que estamos observando pode, então, não só contemplar o desmatamento desse mês como o desmatamento do mês passado”, disse à AFP Daniel Silva, especialista em conservação da ONG WWF-Brasil.

Sob o governo de Bolsonaro, um aliado do agronegócio e negacionista das mudanças climáticas, o desmatamento médio anual na Amazônia brasileira aumentou 75,5% em relação à década anterior.

Especialistas dizem que a destruição se deve, principalmente, ao avanço de grileiros que desmatam para desenvolver atividades agrícolas e pecuárias.

Lula, de 77 anos, assumiu a Presidência pela terceira vez com a proteção da floresta como uma de suas principais bandeiras para que o Brasil deixe de ser um “pária” em questões climáticas.

O presidente de esquerda nomeou, mais uma vez, como ministra do Meio Ambiente a renomada ambientalista Marina Silva, chefe da pasta entre 2003 e 2008, quando o Brasil conseguiu reduzir significativamente o desmatamento.

Em 24 de janeiro, Silva reconheceu em uma entrevista à AFP que a realidade ambiental do Brasil é “muito pior” do que o esperado.

“Sabemos que há um empenho do novo governo para controlar o desmatamento, mas os resultados concretos devem levar um certo tempo para serem observados”, acrescentou o especialista da WWF-Brasil.

A Tarde

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