Neste fim de semana, Feira de Santana recebe pela primeira vez a Feira Afro Bahia, evento voltado para economia criativa desenvolvida por empreendedores, negros e negras, de todo o estado. Este sábado (13) e amanhã (14), a Praça da Matriz vai reunir o melhor da moda afro-brasileira, da gastronomia, do ramo cosmético, decoração e utensílios gerais, tudo feito pelas mãos de pessoas comprometidas com o protagonismo da população preta em todos os aspectos, inclusive, na gerando emprego e renda.
A Feira tem o apoio da Wakanda Educação Empreendedora e é promovida pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi) em parceria com Associação das Donas de Casa do Estado da Bahia (ADCB).
A secretária da Sepromi, Angela Guimarães, falou ao Acorda Cidade sobre a série de ações que o governo do estado tem desenvolvido para impulsionar o empreendedorismo no estado.
“Sabemos que existe uma economia popular liderada por pessoas negras que muitas vezes é invisibilizada ou não é reconhecida. Então o propósito de trazer essa feira para uma praça pública é poder dialogar com a sociedade como um todo. Para que a comunidade feirense reconheça aquelas mulheres que são tarimbadas ali no seu beiju, na sua maniçoba, nos seus produtos da agricultura familiar, na sua biojóias, suas bonecas negras, a gente tem aqui uma diversidade muito grande de uma turma que produz, pesquisa, sustenta famílias e às vezes não é reconhecido”, declarou.
Direto de Salvador, Vinícius dos Santos Oliveira, um dos coordenadores do evento, falou sobre o objetivo de fortalecer o empreendedorismo negro em todo o território do estado através de uma grande cadeia de negócios.
“O projeto consiste primeiro na parte da capacitação das pessoas, porque a gente entende que antes de colocar eles nas feiras é interessante que eles entendem como podem projetar os seus negócios e os seus produtos para o público e após essa capacitação a gente faz a questão da divulgação do evento e coloca para que essas pessoas consigam potencializar os negócios delas”.
De acordo com ele, a Feira registrou um grande número de expositores para apresentar seus produtos em Feira de Santana, mas após a curadoria, cerca de 55 foram selecionados para participar. O evento deve receber aproximadamente 500 mil pessoas por dia.
“A expectativa é grande que todos eles tragam os produtos dele e consigam vender. A gente tem pessoal gastronomia, artesanato, tem de moda, tem um pessoal que também está prestando serviço, trancistas, tem um pessoal que também trabalha com a confecção na hora de produtos de brindes, acessórios, tudo mais”.
Boa parte dos expositores é da região de Feira de Santana, mas Vinícius alerta que qualquer empreendimento feito por pessoas negras podem se inscrever e participar, independente de onde é o evento.
Além das exposições, o evento trouxe atrações culturais para animar o público, um estante do Cred Afro, para sanar dúvidas referente ao crédito para empreendedores negros, assim como palestras sobre negócios.
“Temos uma significativa parcela de empreendedoras negras e isso às vezes não tem essa visibilidade. Então a importância é justamente abrir espaço para dar visibilidade aos produtos e aos produtores a partir do apoio do poder público, de alguns programas que devem ser feitos, criados nessa intenção, isso é fundamental, porque normalmente isso tem um custo, e aí como os empreendedores não têm como absorver esse custo, então é importante que haja esse suporte do poder público tanto no nível municipal, estadual ou federal para realização desses eventos”, explicou.
Roselice que também é culinarista, está vendendo produtos à base de licuri, matéria-prima adquirida em uma cooperativa de Capim Grosso.
“Eu faço parte de uma grande rede, de uma grande cadeia produtiva e começa com a coleta do licuri na roça, depois passa pelo processo da quebra, beneficiamento e eu adquiro esse lucuri e transformo ele em inúmeros produtos. O estado que tem maior incidência de Licuri é o estado da Bahia e na Caatinga tem essa maior produção. Aqui feira também nós tínhamos bastante licuri, mas esse licuri já estão sendo destruídos apesar de termos uma lei estadual que proíbe o corte das árvores do licorizeiro”, informou.
Ela vende doces, balas de banana, trufas de licuri, que é um doce banhado com chocolate meio amargo e coberto com licuri crocante, tem o brigadeiro de licuri sapecado que é feito com licuri e depois ele passar por um processo de caramelização, enfim, inúmeros produtos de dar água na boca.
“São produtos que tem pouquíssimo açúcar e ele tem, depois ele é banhado no chocolate, meio amargo e coberto com licuri crocante. Esse líquido crocante é um coringa, porque eu uso em várias receitas que eu faço, tanto para coberturas, quanto para recheio e aí a gente faz esse dar esse nos sabores aí que a gente comercializa”.
Os preços variam, mas ela confirma que está recebendo encomendas pelo número 71 99150-6865.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade