Contran aprova fim da obrigatoriedade de aulas em autoescola para tirar CNH; mudança promete reduzir custos e ampliar acesso

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O processo para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) passará por uma das maiores mudanças de sua história. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou, nesta segunda-feira (1º), uma resolução que acaba com a obrigatoriedade de aulas em autoescolas para candidatos à primeira habilitação. A decisão passa a valer após publicação no Diário Oficial da União (DOU), prevista para os próximos dias.

A medida, segundo o Ministério dos Transportes, tem como principal objetivo reduzir o custo do processo de habilitação, que hoje figura entre os mais caros da América Latina. Estimativas do setor apontam que a CNH poderá ficar até 80% mais barata, já que o candidato não será mais obrigado a contratar pacotes de aulas teóricas e práticas exclusivamente por autoescolas.

Como vai funcionar a partir de agora

Com a mudança, os futuros motoristas podem escolher entre diferentes formas de preparação:

Continuar fazendo o curso tradicional nas autoescolas;

Estudar com instrutores autônomos credenciados;

Utilizar plataformas digitais para aulas teóricas;

Realizar treinamentos com o próprio veículo (se tiver) ou com o carro do instrutor.

Apesar da flexibilização, as provas teórica e prática continuam obrigatórias, permanecendo como etapas decisivas para o candidato conseguir a CNH. A avaliação continua integralmente sob responsabilidade dos Detrans estaduais.

Impactos e justificativas

De acordo com o governo federal, a iniciativa pretende democratizar o acesso à habilitação, especialmente para pessoas de baixa renda. Para o Ministério dos Transportes, flexibilizar o modelo pode reduzir o número de motoristas circulando sem habilitação por falta de condições financeiras de arcar com o processo.

O ministro Renan Filho reforçou, após a aprovação, que a medida não elimina as autoescolas:

“A autoescola não vai acabar. O que acaba é a obrigatoriedade. O cidadão passa a ter liberdade para escolher como deseja se preparar.”

A nova regra também segue uma tendência observada em outros países, onde o processo de formação é menos engessado e o foco maior está na comprovação de competência durante os exames.

Reações e pontos de debate

A decisão já provoca forte repercussão no setor. Entidades ligadas às autoescolas manifestam preocupação com a possível queda na demanda e o risco de formação deficiente de condutores. Do outro lado, defensores da mudança afirmam que o modelo atual é oneroso e não assegura, por si só, melhor qualidade no trânsito.

Especialistas em segurança viária mantêm posição intermediária: reconhecem que a flexibilização pode ampliar o acesso, mas alertam que o país precisa reforçar fiscalização e aprimorar as provas práticas para garantir que apenas candidatos realmente aptos sejam habilitados.

O que ainda falta

Mesmo já aprovada, a nova regra só passa a valer oficialmente após sua publicação no Diário Oficial. Os Detrans terão de ajustar sistemas internos, credenciar instrutores autônomos e regulamentar o uso de plataformas digitais.

Com a mudança, o Brasil inicia um novo capítulo na formação de condutores — mais flexível, mais acessível e com impacto direto para milhões de pessoas que pretendem tirar a CNH.