terça-feira, dezembro 30, 2025

Rolezinho, montadinhas e grau: PM aponta práticas que são proibidas pelo Código de Trânsito

A Polícia Militar (PM) da Bahia classifica o rolezinho como uma prática não recomendada. A ação, que consiste em um passeio motociclístico sem autorização prévia, normalmente serve como justificativa para o grau, ato de empinar o veículo e equilibrá-lo apenas sobre a roda traseira.

🔎O grau é uma prática considerada perigosa tanto para o condutor quanto para pessoas que possam estar perto do veículo quando a manobra é realizada. O artigo 244 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) considera empinar moto uma infração gravíssima e pode resultar em multa, suspensão do direito de dirigir e retenção do veículo.

Perturbação da ordem

Por estarem diretamente ligadas, a PM tem intensificado ações para coibir tanto o grau quanto os rolezinhos em Feira de Santana e cidades vizinhas. A confirmação dos trabalhos foi feita pelo coronel Michel Muller, responsável pelo Comando de Policiamento da Região Leste (CPR-L), durante uma entrevista ao programa Acorda Cidade.

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Coronel Michel Muller, responsável pelo Comando de Policiamento da Região Leste (CPRL) | Foto: Daniela Cardoso/Acorda Cidade

Se o rolezinho fosse um passeio motociclístico dentro das regras estabelecidas, não haveria problema algum. Só iríamos fazer o acompanhamento para evitar problemas na fluidez no trânsito, mas, quando você pratica o grau dentro do rolezinho em via pública, aí a coisa muda de sentido. As acrobacias, os cortes de aceleração, os estampidos de descarga, mesmo não sendo infração, causam incômodo para as pessoas que estão no trânsito”, disse Muller.

“O trânsito é tenso porque, normalmente, tem muitos veículos em pouco espaço, isso causa desconforto. Aí imagine, somado a isso, buzina, estampido de descarga, corte de aceleração e a pessoa passar ao lado do seu carro empinando em uma roda, e você com receio de que exista um acidente perto de você. Isso tudo gera desconforto, e a gente não pode fingir que não está vendo”, complementou o comandante.

Controle de segurança

Muller explicou que a corporação realiza ações de inteligência com base em pesquisas que vão desde bancos de dados oficiais até a observação de perfis em redes sociais para montar estratégias para coibir as práticas. O comandante chegou a afirmar que acompanha o trabalho de outras polícias do país para implementar condutas que possam surtir efeitos positivos nos territórios administrados pelo CPR-L.

“O rolezinho é uma prática não recomendada da forma que vem acontecendo. Se for para fazer passeio motociclístico, me pede [auxílio e nós vamos] oferecendo segurança aos participantes. Agora, quando você faz uma prática de um dito passeio motociclístico, empinando em uma roda, cortando giro de motor, fazendo estampido, alta velocidade, frenagem, tudo isso aí não pode ser aceitável”, finalizou o comandante.

As montadinhas

Quem também participou da entrevista foi o major Sachdev, que comanda o Esquadrão de Motocicleta Asa Branca. O PM destacou que, além do grau, o ato de acoplar motores em bicicletas e circular em vias públicas sem a devida regulamentação oferece um risco a mais no trânsito.

Major Sachdev, comandante do Esquadrão de Motocicleta Asa Branca
Major Sachdev, comandante do Esquadrão de Motocicleta Asa Branca | Foto: Daniela Cardoso / Acorda Cidade

“É importante salientar que toda ação da Polícia Militar procura preservar vidas. O próprio Código de Trânsito Brasileiro prevê a preservação de vidas como ente máximo. Então, seja rolezinho, seja grau, seja bicicleta motorizada, a preocupação da PM, constitucionalmente falando, é a preservação de vidas. Ninguém aqui está preocupado com o bem do cidadão que vai ter o veículo apreendido, e sim com a vida dele que está sendo preservada”, disse o major.

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Foto: Site Achei Sudoeste

O comandante do Esquadrão Asa Branca explicou que circular em via pública com uma bicicleta motorizada, também chamada de montadinha, confeccionada de forma artesanal, sem atender às devidas regulamentações tanto para fabricação quanto para registro, fere o artigo 235 do Código de Trânsito Brasileiro.

“É possível registrar um veículo produzido de forma artesanal, desde que o inventor coloque o veículo à disposição das autoridades para que seja feita a verificação. Ele deve buscar junto ao Inmetro as condições e especificações legais para produção e, a partir daí, poderá conseguir a autorização para conduzir aquele veículo em via pública”, disse o major.

Risco sobre rodas

O major finalizou a participação na entrevista ressaltando a importância de coibir práticas que ofereçam risco no trânsito, sobretudo as praticadas por motociclistas, categoria que representa uma fatia significativa dos acidentes de trânsito em todo o Brasil.

“É ruim quando a gente tem a motocicleta sendo responsável por superlotação de hospitais ou até mesmo pelo direcionamento de força policial. Muitas vezes, a gente está deixando de policiar regiões que seriam mais carentes de policiamento para estar atendendo ocorrências como o rolezinho”, disse.

“Muitas vezes, o hospital deixa de atender uma pessoa que tem uma gravidade ou uma necessidade de saúde para atender uma vítima de acidente de trânsito por conta da imprudência. Então, é bom deixar claro que a nossa preocupação é essa. O Código de Trânsito é muito completo, tem todo tipo de infração possível, e o nosso papel é coibir aquelas que são mais gravosas até as menos gravosas”, finalizou o major Sachdev.

Acorda Cidade – Foto: Reprodução / Redes Sociais

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