sábado, julho 5, 2025

Amazônia precisa de 37 bilhões anualmente para evitar colapso

No documento, assinado pela Conservação Internacional, The Nature Conservancy, Rainforest Trust, Field Museum, Amazon Concertation, Andes Amazon Fund, Ipam Amazônia e Painel Científico para a Amazônia, destaca-se que, às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá em novembro, na cidade amazônica de Belém, o Brasil tem uma chance histórica de evitar que a Amazônia atinja um ponto de não retorno.

As organizações signatárias consideram urgente mobilizar recursos para proteger a Amazônia, redirecionar subsídios nocivos e garantir financiamento direto para os povos indígenas.

“De forma alarmante, os fluxos financeiros atuais estão muito aquém do necessário para evitar essa crise. Embora o Banco Mundial estime que sejam necessários 7 trilhões de dólares por ano para proteger a Amazônia, apenas 5,81 bilhões de dólares foram mobilizados entre 2013 e 2022”, diz o documento entregue ao embaixador brasileiro e presidente da COP30, André Corrêa do Lago, e à Secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Ana Toni.

“No entanto, a floresta amazônica gera um valor anual de pelo menos 317 bilhões de dólares. Esse déficit de financiamento reflete uma falha global mais ampla: as soluções baseadas na natureza (SbN) recebem apenas 3% do financiamento climático voltado à mitigação e 11% para adaptação, apesar de oferecerem 30% da mitigação necessária até 2030”, acrescenta o texto.

Com 6,5 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia abriga 13% das espécies conhecidas do planeta, 20% da água doce superficial e cerca de 47 milhões de pessoas — incluindo mais de 400 povos indígenas.

Essencial para o equilíbrio climático global, a floresta amazônica armazena entre 150 bilhões e 200 bilhões de toneladas de carbono, o equivalente a 15 a 20 anos de emissões globais de dióxido de carbono.

Os signatários da carta destacam que a maior floresta tropical do mundo enfrenta um momento crítico, já que mais de 17% da floresta em território brasileiro já foi desmatada e 31% está degradada.

“A perda de mais 5% da vegetação pode levar a um ponto de não retorno, com a conversão irreversível da Amazônia em savana”, alertam.

As organizações solicitaram que o Brasil assuma um papel de liderança na COP30, para estimular uma coalizão que mobilize recursos, governos, bancos de desenvolvimento, empresas e grandes fundações, garantindo que o dinheiro chegue a iniciativas que mantenham a floresta em pé e fortaleçam as comunidades que vivem e cuidam dela.

“Direcionar recursos financeiros substanciais e imediatos para a preservação da Amazônia precisa ser reconhecido como uma estratégia climática urgente, para evitarmos as piores consequências do aquecimento global”, destacou Rachel Biderman, vice-presidente sênior para as Américas da Conservação Internacional, uma das organizações responsáveis pela elaboração das recomendações.

“A primeira COP do clima a ser realizada na maior floresta tropical do mundo deve assumir compromissos concretos de apoio financeiro e político, para que a Amazônia e as demais florestas tropicais do planeta continuem a armazenar e capturar carbono com segurança. É fundamental fortalecer os guardiões da floresta — os povos indígenas e as comunidades locais —, não apenas pelo futuro deles, mas por toda a vida na Terra”, concluiu James Deustch, CEO da Rainforest Trust.

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