Dia Internacional do Voluntário: especialista destaca impacto do voluntariado na saúde mental

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No dia 5 de dezembro, data em que se celebra o Dia Internacional do Voluntário, instituído pela ONU para reconhecer quem dedica tempo e habilidades ao bem-estar coletivo, um alerta ganha força: ações simples, acessíveis e ao alcance de qualquer pessoa têm poder real de promover saúde mental — tanto em quem ajuda quanto em quem recebe. A reflexão é do professor do curso de Psicologia da Estácio, Alexandre Augusto, que destaca a urgência de resgatar atitudes cotidianas de solidariedade em um cenário marcado por pressa, ansiedade e relações cada vez mais superficiais.

Segundo o psicólogo, ouvir alguém sem interromper é um dos atos mais transformadores. “A gente parece viver numa sociedade sem paciência. As pessoas começam a falar de um problema e queremos acelerar a fala do outro, dando conselhos sem ouvir suas necessidades”, afirma. Para ele, resgatar a escuta ativa é fundamental em um ambiente onde muitos convivem com angústias silenciosas dentro da própria casa.

Além da escuta, Alexandre aponta a importância das mensagens genuínas de apoio — especialmente em tempos dominados por conteúdos negativos nas redes sociais. “Às vezes alguém recebe uma mensagem num dia de aflição. Aquilo pode ser o suficiente para evitar um sofrimento muito maior”, explica. Ele lembra que há uma disposição muito maior para compartilhar fofocas do que palavras encorajadoras, e reforça: “Quanto mais compartilhamos coisas positivas, mais nos nutrimos desse tipo de pensamento e sentimento.”

O especialista também enfatiza os benefícios biológicos do voluntariado. Segundo ele, a neurociência comprova que atitudes solidárias estimulam a liberação de dopamina, ligada ao prazer, e ocitocina, conhecida como o “hormônio do vínculo”. “Quando ajudamos alguém, não é só bom para o outro. Biologicamente é positivo para nós mesmos”, destaca.

Na psicologia social, o conceito de reciprocidade ajuda a explicar por que pequenos gestos fortalecem comunidades. “Se eu espero atitudes positivas, preciso começar esse exercício. Aguardar o bem sem praticá-lo é egoísmo”, afirma. Ele lembra ainda que a solidariedade deve ser movida por intenção genuína — e não por busca de reconhecimento. “Se eu faço para sustentar meu ego e postar no Instagram, não é solidariedade. É vaidade”.

Para além dos conceitos técnicos, o psicólogo reforça a importância do cuidado dentro de casa: perguntar se alguém precisa de ajuda, oferecer apoio prático ou simplesmente dizer “eu te amo”. “Às vezes as pessoas mais próximas estão passando por sofrimento e a gente não está ouvindo”, alerta.

No Dia Internacional do Voluntário, a mensagem se amplia: solidariedade não exige formação, cursos ou grandes projetos. Começa no cotidiano — e pode mudar a vida de todos os envolvidos.

Acorda Cidade – Foto: Freepik