Feira de Santana registrou 361 homicídios em 2024, conforme balanço divulgado pelo delegado Yves Correia, coordenador Regional da Polícia Civil do Interior (1ª Coorpin). Segundo o delegado, o dado alarmante é diretamente associado à atuação de organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas, que disputam territórios e promovem ciclos de violência pela cidade. Apesar de uma redução em comparação ao ano anterior, os números continuam sendo chocantes na segunda maior cidade do estado.
“Certamente são números desafiadores, não obstante tenha ocorrido redução significativa tanto no primeiro semestre como no segundo semestre, uma vez que tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar foram contempladas com premiação por desempenho policial”, afirmou o delegado. ao portal Acorda Cidade. Ele ressaltou, no entanto, que, mesmo com as metas atingidas, o índice de homicídios ainda exige trabalho firme, com tecnologia, inteligência e estratégia.
Segundo dados divulgados pelo repórter e radialista Aldo Matos, que há décadas acompanha a estatística policial de crimes contra a vida na cidade, dos 361 assassinatos registrados em Feira de Santana no ano de 2024, 343 eram homicídios.
Segundo Yves, a maior parte dos assassinatos está relacionada ao tráfico.
- 343 homicídios
- 35 mulheres, sendo 6 feminicídios
- 4 latrocínios (roubo seguido de morte);
- 8 mortes por lesão corporal seguida de morte;
- 4 excludentes (legítima defesa).
“ESTAMOS BUSCANDO ESSES AUTORES DE HOMICÍDIOS QUE ESTÃO NA SUA MAIORIA LIGADOS A CRIMES COMO TRÁFICO DE DROGAS, LAVAGEM DE CAPITAIS, PARA A GENTE DESCAPITALIZAR ESSES INDIVÍDUOS. ELES, NA SUA MAIORIA, ESTÃO SE MATANDO, ESSES GRUPOS CRIMINOSOS FICAM SE MATANDO ENTRE SI POR DISPUTAS TERRITORIAIS POR CONTA DO TRÁFICO DE DROGAS, O QUE AUMENTA LOGICAMENTE O ÍNDICE DE QUALQUER CIDADE”, COMPLETOU.
Ações da PC
Para enfrentar o alto índice de homicídios, a Polícia Civil tem investido em operações e investigações qualificadas para mapear o que o delegado chamou de “mancha criminal”.
“Porque só uma investigação, um inquérito bem baseado, qualificado, vai de fato possibilitar que esses indivíduos sejam indiciados, denunciados e, por fim, condenados na justiça”, destacou o delegado em entrevista ao Acorda Cidade.
O coordenador também destacou que a impunidade é outro fator que alimenta a violência. Portanto, as investigações qualificadas da Civil são imprescindíveis para manter os criminosos na cadeia.
Zona rural
Entre os números, o que também chama atenção é o distrito de Humildes, que registrou 16 homicídios em 2024. A zona rural de Feira recebeu atenção especial da Polícia Civil no balanço. Segundo Yves, a delegada Claudine Passos assumiu a terceira delegacia territorial de Humildes e já está programando operações específicas para a região.
Com experiência na Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) de Feira de Santana e na Delegacia de Homicídios de Salvador, a delegada tem o perfil operacional necessário para lidar com os desafios da região, como destacou o coordenador ao Acorda Cidade.
Trabalho de Inteligência
Recentemente premiado pela Secretaria de Segurança Pública, por seu trabalho de destaque e pela liderança à frente da 1ª Coorpin, Yves destacou a prestação da Polícia Civil, inclusive, prendendo criminosos que estão fora do estado, mas que têm grande influência nos crimes no interior da Bahia.
“Estamos melhorando a estrutura física, buscando mais viaturas, maior efetivo, vamos ampliar nosso Núcleo de Inteligência também. Vamos multiplicá-lo, na verdade, porque eles, da inteligência, que eu chamo de ‘os corujas’, estão alcançando diversos alvos, inclusive fora do Estado. Alvos que estão, digamos, em São Paulo, aterrorizando Feira, por incrível que pareça. Então, a gente precisa investir em muita inteligência para conseguir alcançar esses autores que, às vezes, nem em Feira estão, mas estão aqui causando grande mal para a região”.
Denúncias anônimas
O delegado ainda reforçou a importância da colaboração da população através do número 181 para combater a criminalidade. A ligação é totalmente anônima.
“Você pode direcionar para indivíduos que estejam aterrorizando a sua região, homicidas, traficantes, estupradores, pessoas que estejam roubando, para que a gente consiga fazer uma investigação e alcançar esses autores”.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade e do Radialista e repórter Aldo Matos
