quarta-feira, abril 30, 2025

EUA pressionam Rússia e Ucrânia por acordo de paz no Conselho da ONU

Durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, realizada na terça-feira (29), os Estados Unidos pediram que Rússia e Ucrânia aceitem sua proposta de paz. A sessão foi marcada por acusações mútuas entre Moscou e Kiev sobre a responsabilidade pela continuidade da guerra.

O representante norte-americano, John Kelley, instou os dois países a aceitarem a proposta apresentada por Washington. Ele também destacou que o presidente Donald Trump – que vem enfrentando crescente desgaste como mediador – apelou à Rússia para interromper os ataques e “encerrar imediatamente a guerra”.

“Se ambos os lados estiverem dispostos a pôr fim ao conflito, os Estados Unidos apoiarão integralmente um caminho para uma paz duradoura”, afirmou Kelley. A declaração ocorre em meio à frustração de Trump pela ausência de um acordo antes da marca de 100 dias de seu mandato.

Em resposta, a vice-ministra das Relações Exteriores da Ucrânia, Mariana Betsa, afirmou que Moscou lançou 8.500 bombas contra o país desde março, quando os EUA propuseram um cessar-fogo total. Segundo ela, esse deveria ser o ponto de partida para qualquer avanço diplomático.

“Se a Rússia quer mesmo acabar com a guerra, por que não começamos um cessar-fogo hoje, sem esperar até 8 de maio?”, provocou Betsa, referindo-se à trégua unilateral de três dias anunciada por Moscou para marcar o 80º aniversário da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial.

A diplomata reiterou que Kiev deseja a paz, mas “não a qualquer custo”. Ela deixou claro que a Ucrânia não reconhecerá os territórios ocupados como parte da Rússia, nem aceitará interferência externa em suas forças armadas ou políticas de alianças.

Por sua vez, o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, acusou a Ucrânia de sabotar a proposta de moratória de 30 dias e de rejeitar os esforços dos EUA. Segundo ele, a convocação da reunião pelos países europeus foi motivada pelo “medo de ficarem à margem diante da nova postura da administração norte-americana”.

Nebenzya afirmou ainda que Moscou continua negociando os contornos de um possível plano de paz.

O encontro foi convocado pela França e presidido pelo ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noel Barrot, que pediu um cessar-fogo abrangente. Ele condenou ainda o ataque russo de 24 de abril contra Kiev, um dos mais violentos desde o início da guerra, que matou 13 pessoas e feriu cerca de 90.

A secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Humanitários, Joyce Msuya, acrescentou que “não houve um único dia este ano sem civis mortos ou feridos em ataques”. Nos primeiros três meses de 2025, a ONU registrou 2.641 vítimas civis – quase 900 a mais que no mesmo período de 2024.

Notícias ao Minuto

recentes