Homem negro e em plena idade produtiva, ou seja, entre 18 a 59 anos. Esse é o perfil da maioria das pessoas traficadas no Brasil. É o que mostra o relatório divulgado pelo Ministério da Justiça nesta terça-feira (30), Dia Mundial e Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. O documento detalha, ainda, as razões para esse tipo de crime. Primeiro – 53% – para trabalho em situação semelhante à escravidão. Em segundo lugar, 27%, para exploração sexual. E aí, as mulheres são, de fato, as principais vítimas. Mas esse relatório traz outras abordagens. Por exemplo, tráfico de pessoas para adoção ilegal, 9%, e para trabalho doméstico, 8%.
Os motivos são os mais variados: a fuga de guerras, catástrofes climáticas, questões econômicas, mas envolvem vulnerabilidade social e, quase sempre, desejo de mudança. É o que explica a procuradora do trabalho Tatiana Leal Bivar, que é vice coordenadora nacional da Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no âmbito do Ministério Público do Trabalho.
“Nós temos manias de acreditar que as soluções vão vir do nada e vão nos tirar de uma condição de insatisfação com a vida pessoal, de uma condição de pobreza, de miséria. Então, infelizmente, os aliciadores conhecem bem essas fragilizadas humanas”.
Um crime invisibilizado, segundo o Secretário Nacional de Justiça, Jean Uema. Ainda muito subnotificado em que é preciso haver uma investigação profunda.
“Sempre que você encontrar uma situação de escravidão, de situação análoga à servidão, você vai ter, com certeza, de forma antecedente, o tráfico dessa pessoa. Uma adoção ilegal, tem o tráfico dessa pessoa. Você desbaratar uma quadrilha de tráfico de órgãos, você vai ter o tráfico de pessoas associado”.
A ideia é também criar um banco de dados nacional para dar mais visibilidade no combate a esse tipo de crime. Esse é um dos pontos do quarto Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, lançado nesta terça-feira. São diversos eixos: políticas públicas, prevenção, punição e proteção das vítimas, especialmente, segundo o secretário Nacional de Justiça, Jean Uema, em relação às pessoas que são aliciadas para trabalho doméstico, casamento infantil forçado ou para tráfico internacional de drogas, as famosas “mulas”.
O Plano traz ainda um alerta com relação às tecnologias, à mudança no modo de atuação das quadrilhas que agora usam internet, redes sociais para seduzir as vítimas.
Agência Brasil