O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) voltou a invadir nesta segunda-feira (31) uma fazenda da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em Petrolina (713 km do Recife).
A entidade acusa o governo Lula (PT) de descumprir os acordos firmados após a invasão das mesmas terras federais em abril deste ano, durante a chamada Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, conhecida como abril vermelho.
A reocupação das terras foi definida em assembleia neste domingo (30). Na manhã desta segunda-feira, segundo o movimento, 1.550 famílias de trabalhadores sem terra invadiram a fazenda e tomaram a estrutura onde seria realizado o Semiárido Show.
A feira, que costuma acontecer no mês de agosto, apresenta novas tecnologias para os agricultores familiares da região, costuma receber mais de 20 mil pessoas vindas de diferentes estados do Nordeste.
Em nota, o MST acusou o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Embrapa de não cumprirem as pautas apresentadas pela entidade durante as negociações em abril, incluindo o assentamento das 1.550 famílias na região.
O acordo, diz o MST, previa a que parte dois mil hectares de terras da Embrapa fosse destinada para reforma agrária. Também ficou acordado que o governo federal faria levantamentos de áreas da Codevasf, Chesf, Dnocs e demais órgãos federais para fins de reforma agrária.
Outro ponto seria a transformação da unidade avançada do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Petrolina em uma superintendência. Desde maio, a unidade é comandada por Edilson Barros de Lima, militante do MST (Movimento Sem Terra) há mais de 30 anos.
O MST informou que vai impedir a realização do Semiárido Show em Petrolina caso os pontos básicos da pauta não avancem.
“Sem acesso à terra, as famílias têm todo direito de protestarem. A criação de assentamentos no momento de reconstrução da economia do país poderia ser um forte instrumento de desenvolvimento local. A Embrapa Semiárido insiste em usar sua estrutura para fazer feirinha para o agronegócio e para o agronegocinho”, disse o MST em nota.
A Embrapa foi procurada pela reportagem e informou que está apurando as informações sobre a invasão e que vai encaminhar um posicionamento assim que esse for definido pela direção da empresa federal.
Invadida pela primeira vez em abril, a fazenda foi desocupada uma semana depois após negociação com o governo. As famílias migraram para um acampamento provisório em uma área vizinha, onde aguardavam o cumprimento da promessa de novos assentamentos.
A invasão da fazenda da Embrapa estremeceu a relação do MST com o governo Lula, que endureceu declarações contra o movimento após o episódio.
Na época, a onda de invasões irritou o presidente, que temia que as ações causassem desgaste para o governo, principalmente com o agronegócio. Havia receio também de que a mobilização atrapalhasse o andamento de pautas de interesse da gestão Lula no Congresso.
A Embrapa foi procurada pela reportagem e informou que está apurando as informações sobre a invasão e que vai encaminhar um posicionamento assim que esse for definido pela direção da empresa federal.
Por João Pedro Pitombo | Folhapress – Foto: MST/Divulgação