sábado, novembro 23, 2024

Polarização estadual em Salvador

Após duas semanas do início oficial da campanha em Salvador, as estratégias do governador Jerônimo Rodrigues (PT) em unificar a base governista em uma única candidatura para enfrentar o prefeito Bruno Reis (União) nas urnas ficaram ainda mais claras. A escolha do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) como o candidato único da base petista não apenas fortaleceu a unidade interna, mas também intensificou a “estadualização” da eleição na capital baiana, o que deu margem para o ex-prefeito ACM Neto (União) redobrar seus esforços em ocupar o centro do embate político estadual em curso.

A polarização estadual que se desenha em Salvador reflete uma lógica clara: de um lado, ACM Neto busca se manter em evidência, apresentando a reeleição de Bruno Reis como uma prévia da batalha estadual contra o PT em 2026. Por outro lado, a escolha dos petistas e aliados por Geraldo Júnior não só antecipa o embate eleitoral futuro, mas também projeta uma aposta estratégica na ascensão meteórica do vice-governador, que saiu do cargo de vereador para vice-governador da Bahia em um intervalo de poucos anos. Para o MDB, a candidatura de Geraldo Júnior é uma “prova de fogo” que pode consolidar o partido como uma força mais expressiva dentro da coalizão governista, pavimentando o caminho para a reeleição da chapa em 2026.

Neste cenário, Bruno Reis se mantém com liderança isolada nas pesquisas de intenção de voto, um movimento sustentado pela avaliação positiva da sua gestão. Em suas propagandas, o prefeito incorporou uma “semiótica lulista”, estratégia que busca dialogar diretamente com o público de menor renda e escolaridade, perfil que historicamente apoia Lula e Jerônimo. A narrativa de Bruno Reis se apoia na apresentação de obras e ações populares, visando fortalecer o apelo junto ao eleitorado que mais cresceu nas últimas eleições.

Dados da pesquisa Quaest, divulgada na última semana (27), consolidam um cenário amplamente favorável para Bruno Reis, que lidera com 66% das intenções de voto. Geraldo Júnior (MDB) aparece com 9%, seguido de Kleber Rosa (PSOL) com 4%, ambos tecnicamente empatados dentro da margem de erro de três pontos percentuais. Esses números mostram um cenário desafiador para a oposição.

O tom das eleições em Salvador dependerá do papel do presidente Lula como cabo eleitoral para impulsionar Geraldo Júnior, enquanto Kleber Rosa buscará captar o eleitorado fiel aos partidos de esquerda. As próximas rodadas de pesquisas serão fundamentais para medir o grau de desconhecimento dos candidatos e avaliar como a intensificação da propaganda eleitoral no rádio e na TV poderá alterar o cenário atual. Desde já, está claro que a eleição na capital baiana será marcada pela polarização refletida no tabuleiro estadual.

A Tarde – Foto: Reprodução / Bandeirantes

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