Por reparação e bem viver: mulheres negras da Bahia participam de marcha em Brasília

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A 2ª Marcha pelas Mulheres Negras ocupou a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta terça-feira (25). Com o tema “Por Reparação e Bem Viver”, o movimento conta com caravanas de diversas partes do Brasil. Ao todo, 30 ônibus saíram da Bahia em direção à capital do país. A reportagem do portal Acorda Cidade está em Brasília para acompanhar o ato.

A expectativa é reunir 300 mil pessoas na Marcha de 2025, em uma articulação que mobilizou os 27 estados do país. O objetivo do coletivo de mulheres é lutar pelos seus direitos, como moradia, emprego, segurança e uma vida digna, além da reparação histórica que corrija as injustiças sofridas pela população negra.

Caravanas baianas representam o estado na 2ª Marcha pelas Mulheres Negras em Brasília
Foto: Jaqueline Ferreira/ Acorda Cidade

“Estamos marchando para denunciar o Estado brasileiro e a dívida histórica da nação brasileira com a gente. Estamos nascendo para dizer que queremos um planeta em que todas as pessoas vivam com harmonia, direitos, igualdade e oportunidade”, contou ao Acorda Cidade, Alane Reis, jornalista antirracista e uma das organizadoras da Marcha.

Mulheres negras da Bahia marcham por reparação e bem viver em Brasília
Alane Reis | Foto: Jaqueline Ferreira/ Acorda Cidade

Cidades como Feira de Santana, Salvador e Bom Jesus da Lapa estão representando o estado baiano na 2ª Marcha pelas Mulheres Negras. Advogadas, jornalistas, catadoras, trabalhadoras domésticas, mulheres de diversos segmentos da sociedade foram a Brasília para participar do movimento histórico.

Uma delas foi a deputada estadual da Bahia Olívia Santana (PCdoB). Em entrevista ao Acorda Cidade, a parlamentar expôs as diversas pautas que fazem parte das reivindicações e demandas do movimento em 2025, como a baixa representatividade de mulheres pretas na política.

“Estamos aqui juntas, misturadas num só grito, por reparação, pelo fim do racismo nas nossas vidas, pelo fim dos feminicídios, para que nós tenhamos acesso a melhores espaços no mercado de trabalho, aos cargos de representação política”, enfatizou Olívia Santana.

Mulheres negras da Bahia marcham por reparação e bem viver em Brasília
Deputada Estadual da Bahia Olívia Santana (PCdoB) | Foto: Jaqueline Ferreira/ Acorda Cidade

A parlamentar reforçou ainda a urgente necessidade do desmantelamento das estruturas racistas que compõem a sociedade brasileira e a construção de uma sociedade igualitária. “Por justiça, por reparação e pelo bem viver”, declarou.

Marinalda Soares, uma das integrantes da Caravana Portal do Sertão, ressaltou a força das mulheres na luta contra o racismo. Para ela, este dia 25 de novembro, além de ser o início da ocupação em Brasília, é marcado por ser o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, uma das lutas do movimento.

Mulheres negras da Bahia marcham por reparação e bem viver em Brasília
Marinalda Soares (usando turbante e segurando uma bandeira) | Foto: Jaqueline Ferreira/ Acorda Cidade

“Estamos aqui também lutando para que nossas mulheres não morram mais. Na mão de polícias, na mão de maridos violentos, de namorados e pela sociedade que também nos mata. É sobre isso, contra a violência”, reforçou Marinalda Soares, que integra a Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência.

Passado, presente e futuro

Mulheres negras da Bahia marcham por reparação e bem viver em Brasília
Foto: Jaqueline Ferreira/ Acorda Cidade

Almejando por mudanças inadiáveis, a força feminina presente em Brasília representa não só mulheres negras que vivem na contemporaneidade, mas as forças ancestrais das antepassadas.

“Estar aqui, trazer nossos corpos, é demarcar nossa luta. É dizer que estamos aqui por quem veio antes. Pelas nossas mães, pelas nossas avós e por mulheres que estavam aqui há 10 anos[durante a 1ª Marcha das Mulheres Negras em 2015] e não podem estar aqui hoje”, afirmou Urânia Santa Bárbara em entrevista ao Acorda Cidade.

Urânia Santa Bárbara
Urânia Santa Bárbara | Foto Jaqueline Ferreira/ Acorda Cidade

Há ainda a necessidade de lutar por um futuro positivo para as jovens e meninas negras. “Estamos aqui também pelas que virão, pelas nossas meninas que tenham o direito de viver suas infâncias e não sofrer as violências que temos sofrido”, disse Urânia.

Mulheres pretas na política

A deputada federal Benedita da Silva (PT), de 83 anos, também se fez presente no movimento para reforçar a relevância da ocupação política por mulheres pretas.

Deputada Federal Benedita da Silva (PT)
Deputada Federal Benedita da Silva (PT) [usando blusa branca] | Foto: Jaqueline Ferreira/ Acorda Cidade

“Quando as mulheres entram, a gente muda. E muda o mundo, não é só a política em si. Mas nós temos uma força que nos leva e que nos faz avançar cada dia mais”, concluiu a parlamentar.

Com informações são da jornalista Jaqueline Ferreira do Acorda Cidade