Em comemoração aos 474 anos de Salvador, celebrado nesta quarta-feira (29), o BNews decidiu contar um pouco da história dos pontos da cidade que fazem a capital baiana ser o que é: bela, turística, histórica, importante.
Para isso, o BNews separou uma lista com os principais pontos turísticos soteropolitanos e, para falar sobre o assunto, o escolhido foi o historiador Jaime Nascimento, coordenador de Cultura do Instituto Histórico Geográfico da Bahia. Confira:
De acordo com o historiador, o Elevador Lacerda nem mesmo tinha esse nome. A história de um dos maiores pontos turísticos de Salvador começou em 1873, com o nome de Elevador Hydraulico da Conceição da Praia.
Localizado na Praça Cayru, no bairro do Comércio, foi o primeiro elevador no mundo a servir como transporte público. Segundo Nascimento, até mesmo pessoas montadas a cavalo passavam por ali para sair da Cidade Baixa e chegar à Cidade Alta. “Foi a forma mais moderna para a época, inclusive, uma revolução do ponto de vista da engenharia”, explica.
Construído por Antônio de Lacerda, o elevador também era comumente chamado de ‘Elevador do Parafuso’, por conta do seu mecanismo interno, que possuía uma roldana que girava e se assemelhava a um parafuso.
Lacerda, inclusive, foi aclamado por ter realizado uma construção bastante ousada: a torre que hoje dá forma ao nosso conhecido elevador não existia, e os soteropolitanos tinham apenas o elevador interno. No entanto, usando bastante criativiadade na década de 1930, Antônio de Lacerda decidiu furar a rocha e construir a torre, formando um ‘L’ invertido. Com a renovação, a construção passou a se chamar Elevador Lacerda, em homenagem ao construtor, que realizou todo o trabalho com o dinheiro do próprio bolso.
Mercado Modelo
O que é hoje o Mercado Modelo, era inicialmente a alfândega da cidade. Construída na segunda parte do século XIX, era onde se fazia a fiscalização das mercadorias que entravam e saíam do porto de Salvador.
Ao contrário do que muitos dizem, inclusive, o porão do local não abrigava escravizados, mas era coberto por água para que pequenas canoas entrassem e levassem as mercadorias do navio. Ali, os produtos eram fiscalizados.
“Com as mudanças na política, na divisão de poder, ela [a alfândega] foi desativada e ficou abandonada. Foi quando lá para os anos de 1970, na gestão do então governador ACM, houve o incêndio do Mercado Modelo original”, relata.
O Mercado Modelo original, segundo o historiador, ficava localizado onde hoje está o Monumento à Cidade do Salvador (ou Fonte da Rampa do Mercado), a obra de Mário Cravo. No entanto, com o incêndio que atingiu o centro comercial, o Mercado Modelo foi transferido para onde a alfândega abandonada funcionava.
Pelourinho
O Pelourinho, com toda certeza, passou por seus altos e baixos. O local, entre os séculos XVIII e XIX, abrigava a alta sociedade. Era por lá, no período colonial, que a elite vivia em seus casarões.
Com o passar do tempo, no entanto, as pessoas foram se mudando, migrando para o Corredor da Vitória. A partir daí, o Pelourinho entrou em decadência, e o que antes abrigavam famílias, se tornaram locais de prostituição, roubo, sequestro e tráfico. Na década de 1990, no entanto, o Governo do Estado proporcionou um processo de restauração no local, se tornando o local turístico que hoje conhecemos.
O nome ‘Pelourinho’, inclusive, não é à toa. Era por lá que ficavam localizado o instrumento de mesmo nome usado pelo Poder Público Municipal contra qualquer pessoa que cometesse algum crime. O acusado ficava preso no local por certo período de tempo para execração pública.
Senhor do Bonfim
A Igreja Basílica do Senhor do Bonfim é um local para pagamento de promessas e para a devoção do Senhor do Bonfim. Tudo começou quando Teodósio de Farias, capitão de um navio mercante, passou por uma grande tempestade nas proximidades da cidade de Salvador por volta do ano de 1700.
Correndo o risco de afundar e morrer afogado junto com os seus marinheiros, Teodósio decidiu fazer uma prece: caso o Senhor do Bonfim o salve, fará uma cópia da sua imagem na cidade de Setúbal, em Portugal, trará à capital baiana e criaria, aqui, uma devoção ao santo.
Todos, é claro, foram salvos, e o capitão cumpriu a promessa. Ele fez a imagem em Setúbal e trouxe para Salvador, dando início à devoção aqui na Bahia muito antes da existência da igreja.
As preces ao Senhor do Bonfim eram realizadas na Igreja da Boa Viagem quando ainda se estava construindo a basílica dedicada ao santo. Com a criação da irmandade, foi gerado até mesmo um desenvolvimento urbanístico na região, com a urbanização da colina e da Avenida dos Dendezeiros.
MAM (Museu de Arte Moderna)
O lugar onde hoje está localizado o Museu de Arte Moderna antes abrigava uma das mulheres mais ricas da Bahia, a Dona Maria Epifânia, que em seu único autorretrato, esbanja riqueza com as inúmeras joias.
“Nesse lugar, existiam engenhos de açúcar, ainda tem lá os trilhos. Eles colocavam o carrinho para embarcar e desembarcar os produtos que vinham diretamente para eles. Naquela época, cada lugar tinha seu próprio porto”, explica Jaime Nascimento.
O local, que foi restaurado na década de 1960, e chegou a ser projetado para dar lugar ao chamado Museu de Arte Popular, hoje é atração para turistas e moradores da região, que buscam história, diversão ou calmaria, assistindo à bela paisagem da Baía de Todos-os-Santos.
BNews