No documento, assinado pela Conservação Internacional, The Nature Conservancy, Rainforest Trust, Field Museum, Amazon Concertation, Andes Amazon Fund, Ipam Amazônia e Painel Científico para a Amazônia, destaca-se que, às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá em novembro, na cidade amazônica de Belém, o Brasil tem uma chance histórica de evitar que a Amazônia atinja um ponto de não retorno.
As organizações signatárias consideram urgente mobilizar recursos para proteger a Amazônia, redirecionar subsídios nocivos e garantir financiamento direto para os povos indígenas.
“De forma alarmante, os fluxos financeiros atuais estão muito aquém do necessário para evitar essa crise. Embora o Banco Mundial estime que sejam necessários 7 trilhões de dólares por ano para proteger a Amazônia, apenas 5,81 bilhões de dólares foram mobilizados entre 2013 e 2022”, diz o documento entregue ao embaixador brasileiro e presidente da COP30, André Corrêa do Lago, e à Secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Ana Toni.
“No entanto, a floresta amazônica gera um valor anual de pelo menos 317 bilhões de dólares. Esse déficit de financiamento reflete uma falha global mais ampla: as soluções baseadas na natureza (SbN) recebem apenas 3% do financiamento climático voltado à mitigação e 11% para adaptação, apesar de oferecerem 30% da mitigação necessária até 2030”, acrescenta o texto.
Com 6,5 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia abriga 13% das espécies conhecidas do planeta, 20% da água doce superficial e cerca de 47 milhões de pessoas — incluindo mais de 400 povos indígenas.
Essencial para o equilíbrio climático global, a floresta amazônica armazena entre 150 bilhões e 200 bilhões de toneladas de carbono, o equivalente a 15 a 20 anos de emissões globais de dióxido de carbono.
Os signatários da carta destacam que a maior floresta tropical do mundo enfrenta um momento crítico, já que mais de 17% da floresta em território brasileiro já foi desmatada e 31% está degradada.
“A perda de mais 5% da vegetação pode levar a um ponto de não retorno, com a conversão irreversível da Amazônia em savana”, alertam.
As organizações solicitaram que o Brasil assuma um papel de liderança na COP30, para estimular uma coalizão que mobilize recursos, governos, bancos de desenvolvimento, empresas e grandes fundações, garantindo que o dinheiro chegue a iniciativas que mantenham a floresta em pé e fortaleçam as comunidades que vivem e cuidam dela.
“Direcionar recursos financeiros substanciais e imediatos para a preservação da Amazônia precisa ser reconhecido como uma estratégia climática urgente, para evitarmos as piores consequências do aquecimento global”, destacou Rachel Biderman, vice-presidente sênior para as Américas da Conservação Internacional, uma das organizações responsáveis pela elaboração das recomendações.
“A primeira COP do clima a ser realizada na maior floresta tropical do mundo deve assumir compromissos concretos de apoio financeiro e político, para que a Amazônia e as demais florestas tropicais do planeta continuem a armazenar e capturar carbono com segurança. É fundamental fortalecer os guardiões da floresta — os povos indígenas e as comunidades locais —, não apenas pelo futuro deles, mas por toda a vida na Terra”, concluiu James Deustch, CEO da Rainforest Trust.
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