Galdino Oliveira Souza, mais conhecido como Guda da Quixabeira, é um trabalhador rural de 44 anos, natural do quilombo Matinha dos Pretos, na zona rural de Feira de Santana, e vocalista do grupo de samba de roda Quixabeira da Matinha.
Com mais de 25 anos de dedicação à música, o filho de dona Chica do Pandeiro e de Coleirinho da Bahia é o convidado deste episódio do podcast do Acorda Cidade, “Escuto Cá Entre Nós”, trazendo à tona a história da Quixabeira que ainda não foi contada.
Guda entrou no grupo com cerca de 13 anos e relatou como seu pai foi fundamental para o surgimento do samba de roda em Feira de Santana com seu avô Aureliano Sambador, que já realizava o samba em várias regiões da Bahia, incluindo o Recôncavo.
Durante o episódio, Guda falou sobre a polêmica da gravação da música “Alô meu Santo Amaro”, uma composição de Coleirinho da Bahia e Aureliano Sambador. A música foi colocada em um disco de vinil produzido por um pesquisador que chegou à Matinha e apresentou ao povo uma oportunidade de gravar um disco com 17 faixas. No entanto, 16 faixas não apresentaram autor, sendo consideradas de domínio público, sem autoria.
Entre 1996 e 1997, três músicas do disco, “Amor de longe, benzinho”, “Fui de viagem, passei em Barreiras” e “Alô meu Santo Amaro”, foram transformadas em um pout-pourri por Carlinhos Brown, denominado “Quixabeira”. Com isso, a música ganhou destaque nacional. Segundo Guda, que luta pelos direitos autorais das canções da Quixabeira, a Banda Cheiro de Amor vendeu 1,3 milhão de cópias na primeira versão, seguida por outras versões e regravações, incluindo artistas como Maria Bethânia e Gal Costa.
O processo em busca de direitos autorais continua até hoje, e o produtor que realizou a produção do vinil, segundo Guda, não deu nenhuma satisfação à comunidade de Quixabeira. Guda contou que, em relação aos direitos autorais, a comunidade recebeu apenas R$400 na época em que seu avô já havia falecido e depois o grupo não recebeu mais pela composição.
Recentemente, o vocalista destacou que uma prova foi entregue ao advogado que cuida do caso. Em 1992, antes do lançamento do disco, a música “Alô meu Santo Amaro” foi apresentada no mercado de Artes Popular e até mesmo documentada em um jornal.
Guda enfatizou que essa luta vem ocorrendo há anos e não é apenas sua, mas principalmente de seu pai, avô e ancestrais.
Apesar do imenso valor cultural e histórico em Feira de Santana, a Quixabeira da Matinha ainda não recebe incentivos do governo. Ao longo de nossa conversa com as jornalistas do Acorda Cidade, Andrea Trindade e Iasmim Santos, Guda ressaltou o papel da Associação Cultural Coleirinho da Bahia e a importância de valorizar o samba de roda. O filho de dona Chica e Coleirinho enfatizou que o dia em que um samba de roda ganhar reconhecimento nacional, os demais também serão reconhecidos.
Acorda Cidade