domingo, novembro 24, 2024

Casos de dengue, chikungunya e zika aumentam em 2023

A recente campanha lançada pelo Ministério da Saúde traz uma mobilização de combate ao mosquito Aedes Aegypti por causa do aumento de 30% nos casos de dengue, chikungunya e zika, de janeiro a abril de 2023, comparado ao mesmo período em 2022. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (Sesab), na Bahia, já foram confirmadas 4.414 amostras positivas para as três arboviroses.

Nos primeiros quatro meses do ano, o Estado já contabilizou 24.589 casos suspeitos de dengue, sendo 7.355 descartados e 17.234 considerados prováveis. Entre os prováveis, 7.502 casos foram classificados com a doença, 6.923 permanecem em investigação, 2.555 como inconclusivo, 226 identificados por Dengue com Sinais de Alarme, 28 como Dengue Grave e 4 óbitos confirmados pela Câmara Técnica Estadual de Análise do óbito ou por critério laboratorial.

Em relação à chikungunya, a Bahia registrou 8.491 casos, dos quais 1.539 casos foram descartados e 6.952 considerados como prováveis, o que corresponde a 46,9 casos/100.000 habitantes. Não há óbitos confirmados no período. Já a zika, houve 1.079 casos notificados, dos quais 472 casos foram descartados e 607 considerados prováveis, o que corresponde a 4,1 casos/100.000 habitantes. Estes primeiros meses do ano apresentam um incremento de casos de 38% em relação ao mesmo período de 2022. Não há registros de mortes.

Conforme o Gal/LACEN-Ba, entre os quatro primeiros meses do ano, foram 2.024 casos confirmados de Dengue, 2.053 de CHIKV e 337 de ZIKV. As Macrorregiões de Saúde que apresentaram maior número de amostras positivas para arboviroses foram: Sul (1.209), Sudoeste (1.016), Extremo-Sul (822), Centro-Leste (568), Leste (539), Norte (110), Centro-Norte (78), Nordeste (47) e Oeste (25), informou a Sesab.

Em entrevista ao Portal A TARDE, o infectologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Dr. Claudilson Bastos, explica que os sintomas das três arboviroses possuem algumas semelhanças, como dores no corpo, dor de cabeça, febre, rash cutâneo (manchas vermelhas), mas também diferenças evidentes.

“Algumas doenças como a zika, por exemplo, o rash é muito mais significativo. As dores articulares na chikungunya, por exemplo, é muito mais evidente, é muito mais exuberante. A Zika pode dar uma certa conjuntivite, vermelhidão nos olhos, coisa que a gente não vê habitualmente na chikungunya e dengue. Dengue dá aquela astenia, aquela indisposição, pode ter sangramento, sangramento nasal, sangramento de gengiva, sangramento digestivo, que chamo de petecas. São sangramentos em pequenos vasos na pele. Então, às vezes, a gente tem que olhar com muito detalhe para perceber essa diferença entre as três”, descreve.

Segundo o infectologista, essas doenças podem se agravar com riscos de óbito por síndrome de choque, desidratação, perda de sangue, problemas na gravidez e desenvolvimento de outras doenças.

“Dengue é o que tem maior repercussão, já vimos casos de óbitos no Brasil. A hidratação é importante com essa doença. A zika, apesar de ser uma doença mais leve, com sintomas mais leves, pode ter, posteriormente, repercussões como a Síndrome de Guillain Barré, que é uma fraqueza nos membros exteriores do jovem adulto, problema neurológico que pode se dar dias depois duas semanas depois ou mais. Pode ter a questão da gravidez, a mulher gestante que tiver zika, pode ter problemas com o feto. A chikungunya pode virar um problema crônico, com dores articulares crônicas que persistem por meses, há anos talvez”, detalha.

O profissional destaca ainda, que a identificação destas doenças pode ser muito sutil e depende da experiência e capacitação do profissional que estará atendendo o paciente. “Obviamente que você faz os testes de sangue. Você tem, por exemplo, teste que se chama painel, um combo entre os três testes. Laboratórios diversos, como o Sabin por exemplo, você consegue detectar em uma amostra de sangue. Em uma ou duas delas, às vezes você pode ter dengue e chikungunya ao mesmo tempo, infelizmente”, diz.

O aumento de chuvas, desmatamento, falta de saneamento básico e a urbanização são alguns dos principais motivos que desencadeiam o crescimento preocupante de casos dessas arboviroses. Conforme explica o infectologista, a conscientização da população em épocas de chuvas, por exemplo, é necessária para evitar a proliferação das doenças.

“A questão da casa ter o jarro com água, o borracheiro ter o pneu cheio de água e não vê isso, deixa lá. O tanque da sua casa não estar tampado, estar descoberto, é um criadouro para o mosquito e as larvas. Então, a atuação do governo e a atuação da sociedade conjunta é que resolve o problema. Não adianta esperar pelo governo atitudes que ele, sozinho, não vai resolver”, destaca o profissional.

A campanha criada pelo Ministério da Saúde foi lançada no dia 4 de maio na TV e em todas as plataformas de mídias. Segundo o órgão, o alerta é complementar às medidas de reforço que vêm sendo adotadas para prevenção e controle das doenças, além da garantia da assistência à população.

“As campanhas têm que ser efetivas. As pessoas que morreram de dengue, que estiveram graves e que tiveram a qualidade de vida prejudicada, ou teve uma criança e teve o problema gerado no feto, entre outras coisas, são exemplos para ser preciso a conscientização. É preciso despertar as pessoas e conscientizá-las”, conclui.

Desde o lançamento da campanha, o Ministério disponibilizou um painel atualizado regularmente com os principais dados das arboviroses e a situação epidemiológica do país. Na ferramenta, é possível filtrar as informações por estado e por tipo de doença, além de recomendações sobre sintomas e formas de prevenção. O painel está disponível no portal do órgão.

A Tarde

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